Judith Domingues Marés González

Estupor
 
 
o que me espanta
é esse amargor incrustado no peito
na esteira da agonia-limite

o que me espanta
é esse gozo travado
esse sabor de chumbo
ao fim de cada beijo
e esse susto de sempre

o que me espanta
é a flor e a dor fluindo
(assombro mistério!)
a cada passo
calando em mim
a palavra mais simples

o que me espanta
é o funeral
que desfila sutil
paralisando o gesto
embaçando a retina.

  

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 Página editada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  28  de  Julho  de  1998