José Duro


Em Busca

Ponho os olhos em mim, como se olhasse um estranho, E choro de me ver tão outro, tão mudado… Sem desvendar a causa, o íntimo cuidado Que sofro do meu mal — o mal de que provenho. Já não sou aquele Eu do tempo que é passado, Pastor das ilusões perdi o meu rebanho, Não sei do meu amor, saúde não na tenho, E a vida sem saúde é um sofrer dobrado. A minh’alma rasgou-ma o trágico Desgosto Nas silvas do abandono, à hora do sol-posto, Quando o azul começa a diluir-se em astros… E à beira do caminho, até lá muito longe, Como um mendigo só, como um sombrio monge, Anda o meu coração em busca dos seus rastros… (in Antologia de Poetas Alentejanos)


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