Junqueira Freire

Soneto
 
 
Arda de raiva contra mim a intriga, 
Morra de dor a inveja insaciável;
Destile seu veneno detestável 
A vil calúnia, pérfida inimiga.

        Una-se todo, em traiçoeira liga,
        Contra mim só, o mundo miserável.
        Alimente por mim ódio entranhável
        O coração da terra que me abriga.

Sei rir-me da vaidade dos humanos; 
Sei desprezar um nome não preciso; 
Sei insultar uns cálculos insanos.

        Durmo feliz sobre o suave riso
        De uns lábios de mulher gentis, ufanos;
        E o mais que os homens são, desprezo e piso.
 

 
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