José Fernandes Fafe


Sonho

A sua presença de mulher foi-se ausentando... A um gesto seu, diáfano, alou-se o sofrimento... Tudo era sua voz, mas sem significar mais que o murmúrio dum encantamento... Prendia-nos um fio de segredo, murmurado pelos seus olhos baixados, antes dum sorriso, com que a meus olhos as coisas se velaram para lá do seu rosto assim preciso... Pudor na sua alma ou nos meus dedos? Como é indizível essa experiência de morrer! O que me resta é regressar à Vida, amá-la, delicadamente, como os mortos — se os mortos pudessem reviver.


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