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Atualizado em 19.03.01
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Rio de Janeiro-RJ

Janete Fonseca
Uma notícia biográfica

Poesia:

  1. Casamento (Término do sec. XX) 
  2. Regressos 
  3. Entardecer 
  4. À Rainha 
  5. A Palavra 
  6. As Folhas do Crepúsculo 
  7. É tempo de Primavera 
  8. Caminhante 
  9. No Fundo do Mar 
  10. Dilema 
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Janete Fonseca
JANETE Oliveira da FONSECA, nasceu   na Cidade do Rio de Janeiro  em 01 de janeiro de 1938. Formou-se em Direito pela Faculdade do Estado da Guanabara, atual Universidade do Rio de Janeiro (UERJ), turma de 1966. Fez curso de doutorado na mesma faculdade:  cadeira de Direito Civil. Trabalhou na Petróleo Brasileiro S.A (Petrobrás) durante 30anos (1958/1988). Aposentou-se no Serviço de Engenharia (SEGEN) da mesma empresa na área de contratações para construção das primeiras plataformas marítimas (offshore), na Bacia de Campos, Estado do Rio de Janeiro. Começou a escrever a partir de 1989, ao viajar para fora do Brasil. Precisava  comunicar-se com o  mundo em que vivera e ficara para trás. Tangida pelas emoções e lembranças, passeava pelo mundo do imaginário, trazendo de volta os personagens, os afetos, choros e alegrias perdidos nas veredas do tempo, despertos pelos devaneios da memória. Escrever é sentir-se um pouco imortal. É ouvir o murmúrio do silêncio. Fazer a eternidade virar recanto. Estar vivo.
 

PARTICIPAÇÕES:
 

1.  "Poesias e Contos de Natal e Outros Temas" - Taba Editora - 1996.

2. "Antologia da Associação de Mantenedoras - Beneficiários da Petros - AMBEP" - 1997;

3. I Coletânea de Novos Escritores, in "Primeira Mão" - Oficina da Escrita Silvia Carvão - 1997
 

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Janete Fonseca
CASAMENTO 
(TÉRMINO DO SEC. XX)
 

Casar hoje 
É muito rápido.
História sem prelúdio.
E noivado! 
É bom esquecer. 
 

Tudo começa "ficando", 
Num encontro casual, 
na danceteria do bairro 
 

Fim de noite feliz. 
Beijos trocados. 
Convite ao amor, 
No motel, 
No carro, 
Ou na casa do pai 
 

Tudo muito rápido 
Pra casar e descasar, 
Proclamas apressados, 
Convites por telefone, 
Lista de presentes, 
No "magazin" da cidade 
 

Festa! 
Nada se faz em casa. 
Aluga-se tudo: 
Roupa da cerimônia 
Cadeiras e guardanapos, 
O bolo de três andares 
da receita da vovó 
Ficou reduzido á metade 
 

Pro casório 
mais rápido: 
Cerimônia matutina, 
No club da esquina, 
Em poucos minutos: 
Missa rezada, 
Alianças trocadas, 
Convidados sonolentos, 
No café de bodas 
 

Esse ou aquele motivo 
Levam à separação, 
Bons filhos 
À casa dos pais 
Retornam 
 

Com ou sem divórcio, 
Cada qual, 
Em novo amor, 
Cura a solidão 
Do amor anterior 
 

Dessa vez é diferente: 
Chega-se logo 
Aos "finalmentes" 
Com produção independente 
 

Os vovôs ficam contentes 
por serem pais novamente, 
com rebento concebido, 
Sem viagra, 
Inseminação 
Ou reposição hormonal 
 

E os papais-de-aluguel 
Partem para um novo amor 
A curar o anterior. 

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Janete Fonseca
REGRESSOS 

Ao olhar da noite, 
Deixei para trás
Cadeira no portão, 
Mingau da vovó,
Laura e beijos 
dos meus tios 
 

Deixei para trás 
O estudo de 
violino e 
Aulas de solfejo 
Com fusas e 
semifusas 
 

Deixei para trás 
Dálias e rosas 
Do jardim de casa, 
Sorrindo na jarra, 
Carregadas de
regressos entre 
Folhas de livros 
 

Deixei para trás 
Festa de formatura 
Do Colégio Militar 
E Instituto de
Educação, 
Bailes de Sábado, 
Rosa no vestido, 
"Tomara-que-caia" 
Anágua de babado, 
Mão e bocas 
Se encontrando, no 
Recanto do tempo, 
 

Deixei para trás 
Litro de leite,
Na porta, 
Duas edições 
De jornal, 
Musicais da "Metro" 
Beijo roubado 
No escuro do cinema 
 

Deixei para trás 
Maiô de helanca,
Verde sem finito, 
A pegar onda,
Ao entardecer 
De Copacabana 
 

Deixei para trás 
Cachorro-quente
E coca-cola, 
"Milksheik" de
Morango das 
"Lojas Americanas" 
 

Deixei para trás 
"Rainha do Rádio", 
"Pequena Notável", 
Dolores Duran e
Ribamar, 
Valdir Calmon ao 
Piano 
 

Deixei para trás 
Vapor de carne assada 
Dos almoços de Domingo, 
"Pic-nic" nas praias 
Das "Flexas", "Icaraí" 
E "Paquetá", 
Orquestra de Perez Prado 
Arranjos de Cole Porter, 
Boleros de Lucho Gatica 
Sino tocando na Igreja, 
Chamando à Missa do Galo, 
Ceia da meia-noite, 
Presentes no presépio, 
Saudades dos meus pais. 
 

Deixei para trás 
"Ricardo de Albuquerque", 
Com galinhas no quintal, 
Passarinhos sem gaiolas, 
Pé de abil, carambola, 
"Maria-fumaça", apitando
Como sombras, caídas 
Do olhar de um tempo. 
 

Só não deixei para trás 
Meu amor por você, 
Que levou tudo o
Que deixei para trás. 
Mas esqueceu de mim 
E me deixou atrás. 
 

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Janete Fonseca
ENTARDECER 

Entardece. 
Tomo café com cafeína. 
Bate-estaca lá na rua 
E no meu coração também 
 

O sol no infinito 
sorri da janela 
Entreaberta. 
E na minha alma, 
Também 
 

Dia a se vestir de noite.
Como anciã lenta 
Dá adeus 
À borboleta 
No vai-volta do tempo 
Em busca de luz 
E calor também 
 

Vento forte de quimeras 
sopra no deserto da memória. 
Cabelos negros em ondas 
se enrolam no alto 
Sobre risos de promessas 
 

Vestido justo, 
Seios redondos 
Se mostram nos contornos 
 

Olhos cravados 
Nos meus, 
Buracos negros, 
Sugadouros de energia 
 

Na relva verde 
Nossos corpos, 
Cipós trançados, 
Lava de vulcão, 
Ânsias inconstantes, 
Brotando da cratera 
 

Salto entre colinas e elevações 
Sem culpa 
Sem pudor. 
Almas abraçadas se afundam, 
Na treva de um abismo total, 
Entre o pelo espesso 
Do teu peito, 
Lábios carnudos 
coxas grossas. 
 

Ao entardecer 
Busca impossível: 
Cinzas de sonho não voltam 
Relógio do tempo parou, 
Nos 20 anos de amor 
de tantos vinte vividos 

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Janete Fonseca
À RAINHA 

Estrela cadente no crepúsculo dos caminhos. 
Lume ardente nas sombras da memória. 
Insólito encontro em nossas vidas. 
Sábia com passantes solitários. 
Ama unindo a todos. 
Brindemos essa guerreira, 
Eterna inspiração ao sonhador que sonha, 
Teus são os caminhos de não voltar, 
Herdeira da realeza do nome 

Árvore que nunca morre. 
Deus inscreverá teu nome no 
Livro da vida como 
Espuma que alcança a praia, 
Rainha dentro da poesia 

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Janete Fonseca
 A PALAVRA 

 Parceira fascinante, 
 No silêncio do ocaso. 
 Estrada direta a Deus, 
 Dom divino. 
 Nunca se gasta, 
 

 Tampouco envelhece 
 Elixir da solidão 
 Jogo-a no papel 
 Como dado na roleta, 
 De repente, 
 O longe 

           c 

              a 

                   i 
 Perto. 
 O sonho se torna possível, 
 O mundo fica pequeno, 
 Pois o trago, na minha mão, 
 Sob a sombra das palavras. 
 

 Embaralho-as, na memória, 
 Jogo nova cartada, 
 Acerto você, 
 No passado.. 
 Palavras ao vento, 
 Sussurrando à flor 
 Apenas desabrochada. 
 

 Passado virou presente, 
 Nesse jogo de palavras. 
 Voltei aquele amor, 
 Descontente, 
 Longínquo, 
 

 Que lembrar 
 De..mo...ro 
 Navegador do silêncio 
 Pelos recantos do tempo 
 Entre perdas e conquistas 
 Por outros mundos viajando 
 Com palavras de aroma 
 Em frascos verdes de cristal. 
 

 Navegar 
 Foi preciso 
 Entre mil palavras 
 Para iluminar o passado 
 À meia-luz do tempo 
 Que não mais sabia 
 Onde morava, 
 Se vivia, 
 Ria 
 Ou chorava. 
 

 Palavras em meios-tons 
 Espreitam você 
 Agora
 Em repousante silêncio 
 À sombra de velhos tempos. 

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Janete Fonseca
AS FOLHAS DO CREPÚSCULO 
(PARÁFRASE DO POEMA DE 
RAIMUNDO CORREA  "AS POMBAS")
Cai a primeira folha, 
A segunda também. 
Mais outra... e outras mais, 
Centenas delas caem 
Das árvores centenárias 
Apenas sopra o vento, 
No alaranjado crepúsculo 
 

E à tarde primaveril, 
Quando o olhar se embaça 
Ao sol da memória, 
Voltam todas, 
Molhando os caminhos 
Em longas cabeleiras 
Em galhos silentes, 
Pingando cores 
 

Também do coração, 
Onde brotam as ilusões, 
Uma por uma vai tombando, 
Descendo ladeiras 
Em fortes enxurradas 
Por esse mundo fora 
Como tombam as folhas das árvores
centenárias 
 

No mar azul da infância, 
Olhar suspiroso e 
Imaginação solta 
Voam...Mas às copas as folhas voltam, 
E elas ao coração não voltam jamais, 
Levadas pelas águas de março 

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Janete Fonseca
É TEMPO DE PRIMAVERA 
 

Ar de primavera 
De fruta cheirosa 
Da beira da praia 
 

Vento na memória 
fareja a mulher 
recém descoberta. 
Passou muito tempo, 
Espelho reflete 
Anel de turquesa, 
soutien vermelho, 
Na boca desenho 
De coração grená 
 

No mundo mudado 
Dos mais avelhados 
Corações calados, 
Erga-se um brinde 
À mulher descoberta 
Só a ouvir estrelas 
Do homem ao lado, 
Cheio de desejos 
Da mulher ardente 
De olhar de fogo, 
Que vai olhando 
Quando o vê olhar 
 

Mulher incansável 
Toma pelas mãos 
retalhos do tempo 
Que se vão passando 
Antes que a tarde 
Primaveril 
morra, aberta, 
dentro de mim.

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Janete Fonseca
 C A M I N H A N T E

 Como peregrino de fé, sem adeptos, 
 Prossigo, 
 Sangrando os pés nas pedras do caminho 
 Sem fim, 
 Sem direção, 
 Buscador da trilha verde 
 Do regresso, 
 Um dia 
 

 Continuo na jornada 
 Solitária 
 Rotineira 
 Pelas veredas do acaso, 
 Sorrindo quase em prantos, 
 Filtrando velhas mágoas, 
 No remanso das águas 
 Do dourado amanhã 
 

 Alegro-me por nada 
 E nada me alegra. 
 Silencio com todos 
 E comparto tudo 
 Com todos. 
 

 Assim 
 Descanso o amargor 
 Do passado, 
 Na relva macia do esquecimento 
 Até confundir-me,
 Um dia,
 Na poeira atômica 
 Do rio principal. 

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Janete Fonseca
NO FUNDO DO MAR

Molhadas areias brancas 
Teu rastro de silêncio apagam, 
Levando-te para o fundo do mar, 
Vestido de vento e sal 
 

Entre folhagens de algas 
de emaranhadas cabeleiras, 
Guerreiro do mar repousa, 
Nessa floresta marinha 
 

Canto para o meu amado, 
Entre os habitantes marinhos 
por trilhas de corais 
e caracóis dançarinos 
 

Conquistador de mares, 
Dorme teu sono eterno, 
Pois da sedutora sereia 
a voz não mais ouvirás 
 

Brinca com os habitantes d'água 
E quando o pranto da saudade 
Tu'alma dormida buscar, 
Foge em cavalos marinhos 
 

E nas estrelas do mar, 
Olvida teus sonhos
De amor, 
em paz 
 

Uma voz amiga me diz 
que não te verei jamais, 
mas meu amor te recorda sempre, 
vestido de vento e sal. 

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Janete Fonseca
DILEMA 

Como duas paralelas em busca infinita,
Perto estamos distantes, 
Longe ficamos tão perto.. 
Separa-nos rio límpido mas revolto, 
Rola os seixos, lapida reenntrâncias, 
Num dia de muita borrasca, 
noutro só de flores. 
Nunca nos encontramos 
no azul do céu infinito, 
mas sempre juntos estamos, 
encurtando a distância 
de nosso eterno dilema. 

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