José Gelbcke


Branca

Noiva, deixa beijar as tuas mãos pequenas, Nascidas para estar em regalos de arminho; São mais alvas, talvez, que o teu leque de penas E mais puras, eu sei, do que as sedas dum ninho. Sou mendigo de amor, elas são Madalenas, Feitas só para andar de carinho em carinho. Vamos juntos partir pelo mesmo caminho, De pousadas em flor, de tapiz de açucenas. Ao tirá-las assim dentre rendas e plumas, Julgo ver repetir-se a apoteose do belo, Anfitrite surgindo outra vez das espumas. Hóstias brancas de amor, deixa agora beijá-las, Mãos gentis que eu adoro e entre as minhas anelo Flor de neve polar, lélia ebúrnea das salas.


* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *