Esta
Moça sentada de costas vista por detrás
Por Dalí que estimava olhar por detrás
Pode ser muitas coisas.
O enorme cansaço sobrevém
Após a ingente luta.
Como se chamará?
Charlienne... Salomé... Marcelle
Elle... Ella?
Uma menina vai no início
Quase se curva sob as enormes tranças.
Ela é a mãe
Seus sonhos de ser
Na alcova de ler.
Ela é o pai
Sendo
Em seu escritório
Em sua escrivaninha vermelha
Encharcada de tinta azul.
Seus passos ressoam pela rua.
E a pajem:
"Endireite as costas".
"Não franza a testa".
"Se continuar com este humor
Não vai casar".
O espanto o choque
(A chuva cai
Ensopando os cabelos)
A trotar
Sob o sol
Sob a chuva.
Ela é a que vai ser pilhada
No imperecível jardim.
Tudo são idéias
Isto ela pensa
E gosta.
Mas seu coração
É uma bomba desconhece.
Filhos houve
Apenas para não dizer
Não os tivera.
Mesmo assim não os tivera.
Somente seu corpo frutificara
Como uma vaga planta.
As folhas das árvores
E as folhas dos livros
Eram as mesmas.
Os mesmos sons
Por efeito do vento
Ou dos lábios.
E até plantara
Ao lado de um destemido varão
Todo um bosque de eucaliptos
E de espirradeiras.
Mas agora ela está sentada
Com uma misteriosa expressão nos lábios
(Mona Lisa ao revés)
Não se podem ver.
Talvez haja sido
O extenso caminho
Tanto a cansou.
Ou quem sabe o esforço sobre-humano
Do último prélio.
O de dizer numa carta
Amo você.
E a carta ainda nem terá chegado
E ela já está tão cansada. |