Judith Grossman

O Engenheiro
 
 
Na química e cardápio desta minha mente,
Que se projeta e lança em pós de uma miragem,
Penetram lobo e lobisomem, mas não gente,
E os venenos da terra engole com voragem.
O que existe inexiste em seu esquema frio,
E se por bem o que inexiste é existente,
Traz-lhe pouco ou nenhum contentamento e brio,
Pois rápido recusa o sonho feito em ente.
Ferro, vidro e metal, na cidade de barro,
Atrás, à minha frente, todo o espaço é vago,
Meu corpo é a só área e tempo em que naufrago.
No que a mão toca escarro e nas quinas esbarro,
Vegetação não medra e o sonho se desgasta,
Obrei destruir-me, mas é bem pouco, não basta.
 

[ ÍNDICE DO AUTOR ][ PÁGINA PRINCIPAL ]
 
 
 
 
 Página atualizada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  06  de  Agosto  de  1998