João Gulart de Souza Gomos


batalha final

se amanhã me condenarem à morte ou se o halley beijar sofregamente a terra quero ver por último o brilho dos teus olhos quando a praia vier dar no meu quintal e todo magma exsudar na minha sala vou inalar profundamente os teus cabelos quando toda lava do vesúvio e todo suspiro dos vendavais assomarem à minha rua será no teu colo que estarei deitado (des)esperando o último momento ainda que todo o sal dos oceanos e toda terra das montanhas aterrissem no meu teto só teus lábios soterrarão meu corpo os tanques cinzas do tio sam estacionarão no abaeté e ferirão o farol com seus punhais mas eu estarei deitado acima, abaixo, sob, sobre, ao lado em você, de qualquer jeito quando todos se forem, míssil indetonado e quando os patriots e exocets desfizerem minhas nuvens não haverá dia seguinte: estarei no túmulo dos teus braços explodindo em milhões de átomos, desintegrando: o último soldado desconhecido...

Goulart Gomes, Salvador, BA

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