João Gulart de Souza Gomos


a insustentável leveza do amor

Que ninguém saiba: falo dos teus olhos Terras castanhas, precipício de almas; Que ninguém veja: falo do teu riso Oceano de ritmos, vertigem e calma. Que ninguém ouça: falo da tua voz Perdição de Ulisses em alto mar; Que ninguém toque: falo das tuas mãos Recriar do mundo, elementar. Que ninguém sinta: falo da tua boca Pura seda, roçar de borboletas; Que ninguém aspire: falo do teu cheiro Inspiração eterna de poetas. Que ninguém ouse: falo do teu corpo Porção visível do infinito; Que ninguém duvide: falo do que sinto Amor assim não houve, mais bonito. Que ninguém entenda: o amor é um hiato Entre o vivido e o sonhado; Que ninguém tema: o amor é imponderável Fluido, muito além do leve ou do pesado.

Goulart Gomes, Salvador, BA

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