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José Januzzi

Biobibliografia:
Poemas:
  1. Tela em Movimento
  2. Anônimos
  3. Sonho Estranho
  4. Casa de Caboclo
  5. Crime Passional
  6. Passou um Sorriso
  7. Olhos
  8. Bloqueio do Verbo
  9. Poema Natural
  10. Zelador de Carros
  11. Cárcere Privado
  12. Simples Arbusto
  13. O Extremista
  14. Tenaz
  15. Caso do Caso
  16. Imensidão
  17. Alma Vazia
  18. Ludo
  19. Pedaço de Cometa
  20. Momento Sublime

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Tela em Movimento

Garotos surfam,
Corpos atléticos passeiam na calçada.
Bebês choram, muitos.
Navios ao fundo atracados,
Aguardam sua vez de carga
No porto próximo.
No mar calmo,
Fiapos brancos refletem as ondas
Como uma tela em movimento.
Doce de coco passa na mão do ambulante.
O vento se esforça
Para arrancar as folhas das castanheiras.
Um bebê com a babá me olha
Faço careta, ele chora
Outro bebê mama a mãe todo contente
Caiu uma gota d’água no meu poema
É hora de buscar consolo


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Anônimos

Fulano pediu a sicrana em casamento.
Ela disse que ainda não é hora.
Onde já se viu!
Mal se conhecem.
Só o bastante para enlouquecer fulano.
Na repartição alguém comentou sobre sicrana,
Fulano enfureceu-se.
Mas sicrana não quer nada com ele.
Ela gosta é do beltrano.


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Sonho Estranho

Fiz um passeio num sonho:
viajei por um estranho caminho
e não me sentia sozinho,
mesmo não estando acompanhado.
Era um lugar sombrio
Com muitas pessoas caminhando,
todas sisudas, a olhar para o chão.
Tentei ver minha suposta companhia,
mas uma força contrária,
que só se sente nos sonhos,
não me deixou virar os olhos.
Segui caminhando assustado;
passei  por muitas mulheres
com crianças pequenas do lado;
passei por muitos idosos
seguindo no mesmo passo lento
que também os homens fortes
e os jovens moços e moças
davam na mesma direção.
Pensei, para onde estariam indo
todas aquelas pessoas?
O silêncio era assustador, 
só eu no sentido contrário
e não conseguia olhar para trás,
nem ver meu acompanhante.
Quanto mais andava,
mais pessoas surgiam.
Na distância, um grupo diferente
na cor se destacou,
me apressei curioso, 
e mais espantado fiquei,
tinham as cabeças raspadas,
todos vestiam a mesma roupa
e os olhos fundos e fixos
nos passos que seguiam na frente.
Que lugar será esse meu Deus?
O que fizeram essas pessoas
para tamanha penitência?
Os carecas passaram.
Pessoas normais se seguiram,
ninguém me olhava de frente,
parecia eu não estar ali.
Apesar da pouca claridade,
seus rostos eram muito nítidos.
No alto não existia céu,
era tudo escuridão.
Nenhum rosto conhecido
no meio daquela multidão.
Tentei apressar o passo
pra ver até onde ia 
aquela estranha legião
de gentes que não existiam;
de lado, eu não sabia,
até que largura tinha,
aquela fila de gentes
a caminhar sempre em linha;
de frente, eu me cansei,
pelos apressados passos que dei,
e não consegui mesmo ver,
naquela falta de luz,
o final daquele caminho
que parecia sem fim.
Continuei desanimado,
curioso com aqueles rostos
que pareciam ter luz própria.
Olhava de um lado e de outro,
do eixo de minha rua,
somente ao alcance do olho,
pois a cabeça eu não mexia.
Fui diminuindo meu ritmo,
com aquela sinistra cadência,
aos poucos, baixei os meu olhar,
e fui perdendo o interesse,
por aqueles rostos estranhos.
Comecei a me sentir sozinho,
aquela sensação do início,
não mais me acompanhava.
Aos poucos, sem me dar conta,
estava eu a caminhar,
nos mesmos passos da marcha,
só eu no sentido contrário.
Tentei encarar aqueles rostos,
quem sabe se entre eles,
algum me trouxesse lembranças,
mas todos eram estranhos...
Voltei a olhar para o chão,
tentei virar para o lado e consegui,
aquela força não mais existia.
Mais assustado fiquei,
também para os lados
aquela multidão não tinha fim,
todos firmes nos seus passos
em ritmo lento e reto.
Consegui olhar para trás,
parado, em triste contemplação,
daqueles passos rumo ao infinito.
Pus-me a caminhar,
no sentido da multidão, 
um pouco atrapalhado,
buscando uma explicação;
todos seguiam cabisbaixos,
em passos lentos, mas firmes,
que meus passos cansados,
passaram a acompanhar,
no mesmo sinistro embalo,
cadente, numa das filas.
Alguns passos adiante,
naquela jornada sem fim,
percebi que não mais conseguia
me virar, ou qualquer coisa assim.
Não sentia mais meus passos,
sem deixar de acompanhar
aquela legião de aflitos
onde agora, era eu mais um.
Também abaixei a cabeça
e firmei o olhar nos passos da frente,
tentei voltar a cabeça,
mas aquela força, não deixou mais.
Insisti, fechei os olhos,
relutei o mais que pude,
não me cabia aceitar,
que estava eu  no meio
daquela multidão de rostos
com pálido brilho,
e sem nenhuma expressão.
Não podia, eu não desisti,
juntei tudo o que eu tinha
de poder em meu espírito;
tive a impressão de um vulto
a passar por mim,
talvez minha companhia me dando forças.
Senti aumentar meu poder,
levantei a cabeça
e uma luz muito forte surgiu no alto.
Fui sugado dali em sua direção
e me despertei para o Mundo.


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Casa de Caboclo

Casa de pau-a-pique
com teto de capim-sapé
sem divisões intermediárias;
mobílias, quase nenhuma, 
algumas redes de dormir fechadas,
dependuradas em ferrolhos.
Banho, toma-se no ribeirão;
necessidades, faz-se na casinha,
um repartido de madeira um por um
com um buraco no meio do piso,
fechado com três paredes baixas
mal feitas de paus roliços
e na frente uma cortina improvisada 
de pedaços de sacaria.
Um banco de madeira muito lisa
fica do lado de fora da porta de entrada,
serve para acomodar as visitas,
alguns tamboretes de madeira de três pés e
uma mesa de madeira bruta na porta da cozinha,
local onde as panelas ficam dependuradas,
completam os pertences da casa,
já que o fogão é de lenha
e não passa de um amontoado de pedras negras 
do lado de fora onde se esquenta as panelas. 
A mulher passa o dia todo na lida da casa
e dos meninos, uma escadinha de guris;
o mais velho leva a comida para o pai na roça,
uma vez por semana é a mulher quem vai.
Foi assim que os meninos mais novos foram feitos.


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Crime  Passional

Seu sonho era ser marinheiro.
No quartel,
Dividiu alojamento com um moço no norte.
Apaixonou-se.
Separados foram pela hierarquia.
Não suportou.
Disparou o fuzil duas vezes.
 
 


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Passou um Sorriso

Foram horas e horas
Do mais puro desafio.
O coração parecia saltar do peito.
As mãos tremiam
E um suor frio o incomodava.
Nenhuma voz de consolo.
Tridentes em espectros se cruzavam.
Cravou os cotovelos nos joelhos,
Enfiou a cabeça entre as mãos,
Fechou os olhos
E lhe faltaram mãos 
Para esconder toda a cabeça.
De leve, de longe,
Veio manso
Uma música de brinquedo de criança.
Ele não abriu os olhos,
A música foi se aproximando
Pelas mãos de uma criança loira
Gordinha e de olhinhos puxados.
Vinha acompanhada pela mãe.
A fonte sonora era uma bonequinha.
Aquela música o acalmou um pouco.
Ele viu as duas e foi tomado
Por uma comoção profunda.
A criança era uma beleza
Mas com sérios distúrbios de coordenação motora.
Elas foram passando,
A criança, com a música na mão,
Olhou para ele, e sorriu.
Ele não achou forças para responder.
As duas se foram.


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Olhos 

Olhos que buscam
Olhos que sentem
Olhos que sofrem
Olhos que choram
Olhos que comandam
Olhos que brilham
No mais humilde pestanejar
Olhos que denunciam
Com total cumplicidade
Os sentimentos mais profundos
Que os corações tentam esconder
 
 


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Bloqueio do Verbo

Diante deste mar azul
Eu penso nela
E sinto o bloqueio do verbo.
Gostaria de saber escrever canções
Em vez disso
Troco dúvidas por incertezas
E sigo
À procura do meu ritmo
 
 


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Poema Natural

Na curva
Depois da placa amarela
Fica a enseada dos pescadores
Do lado de cá
O recanto dos coqueirais
De frente
A praia, o mar
E não precisa dizer mais nada,
Está feito o poema.


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Zelador de Carros

Um homem zelava de carros estacionados.
Vez por outra lavava alguns.
Era um homem rude e raramente usava camisas,
almoçava com a quentinha nas mãos,
de um lado e de outro da rua,
atento aos motoristas em seus carros.
Foram vários meses assim.
Um dia ele não mais estava lá.
Disseram que ele mexia com o que não devia
E foi morto a facadas pelo enteado.
 
 


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Cárcere Privado

Seu Sebastião está com oitenta e cinco anos.
Ele vinha sendo mantido preso em casa
por sua filha de quarenta e nove.
Denunciaram.
A delegada ficou sabendo
e mandou resgatar o aposentado
em ambulância da prefeitura;
levaram-no para um asilo.
Foi instaurado inquérito policial.


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Simples Arbusto

O jardim de minha casa não tem flores.
Tem uma grama rasteira
e bem cuidada,
um coqueiro ornamental
de tamanho médio, todo encorpado
e um arbusto fantástico
de um único tronco
estreito e comprido
envolto por largas folhas verde-claro
quase da altura da cumeeira.
Simples. Mas é o jardim da minha casa.
 
 


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O Extremista

Ele tinha um lança-torpedos portátil numa das mãos.
Posicionou-se de modo
Que somente a larga Avenida 
O separava do alvo a ser atingido.
Um, dois, três disparos;
Enormes explosões se seguiram,
Desordem geral.
Um disparo mal cuidado para o alto
Furou o teto de alumínio
Marquise do bar próximo.
Tremenda vacilada.
Não correu, nem procurou se esconder.
Ficou por ali. Atento.
Na outra mão trazia um objeto pequeno
Firme pelo polegar.
 
 


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Tenaz
 

placa
traça
cloaca
troca e traça
o troco
tricô com trigo
trouxa de tênis
e toupeira entorpe
teceladas
amêndoas turvas
triviais e
trocadas
por outro treino
tácito turbante
tranquilo e tenaz


 

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Caso do Caso

cada caso
cada coisa
que me passam na lousa
e o padre pediu a mão da noiva
assim de repente
na frente dos convivas
ela não deu
o caso
a coisa
o ocaso
o acaso
o caso não caso
aí o noivo disse:
- desisto!
não caso


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Imensidão

O tempo vem
A vida passa
E nos leva sem trégua
Para um lugar
Muito além da próxima esquina.
Lá só se vai uma vez,
E não tem retorno, nem perdão.


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Alma Vazia

Vai, viola,
Viola, os meus sentidos.
Vadia é minha alma,
Vis são meus sonhos.
Ouço-te viola viva,
Vivo-te vida voraz.
Violo meus sentimentos
Vadiando com minha solidão.
Vibra viola amiga,
Vê se alegra
Esse vazio coração.


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Ludo
 

Eis um leilão de princípios:
arrebatem suas almas.
- Quem dá mais?


 

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Pedaço de Cometa

Um cometa baixou em mim.
Não sei de onde veio,
Nem a quê veio.
Chegou,
Tocou meu tórax,
Alucinou-me a visão.
E, numa órbita perdida,
Partiu
E me deixou sem vida.


 

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Momento Sublime

Corro dessa felicidade que me foge
sem pena.
Um vento nobre hoje me toca a face
em um momento sublime.
Palmas pelo que quero:
uns instantes plenos de alegria,
tão intensos e tão curtos.
Sofrem mais os deprimidos.
Mesmo sendo curto o espaço,
eu me vi feliz!
Agora me vejo assim:
esperando uma carta que não chega,
mas que parece estar sempre a caminho.
Preciso de um chapéu que me proteja o rosto.


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