João Naval

Retrato de João
 
 
Sou aquilo que penso,
Tenho um amor imenso
E as vezes fico tenso.
A Deus peco o amem,
Nego o medo à alguém
E so aprendo o que convem.
Procuro adquirir cultura,
Admiro toda lisura,
E so o que vai aa sepultura.
Sou pai, filho e marido,
Detesto ver certo alarido,
Assim como o povo ferido.
Desconfio deste sistema,
Nao gosto deste esquema
E vejo isto como dilema.
Desprezo o materialismo,
Jogo o odio pelo abismo
E sinto-me sob o fascismo.
Tenho sempre um amigo,
Quando posso divido o abrigo
E juntos driblamos o perigo.
A musica eh meu chamego
Sem ela nao tenho sossego
E amedronta-me o desemprego
Pratico o meu esporte
Mas o time deu-me um corte
E receio um pouco a morte.
Tenho um bom trabalho,
Jah joguei muito baralho
E aas vezes mastigo um alho.
Quando tomo algum pileque
Nao faao coisa de moleque
E meu disfarce eh so um chiclete.
Gosto muito de escrever
Com a intengao de esclarecer
E assim me estabelecer.
Meu retrato esta exposto,
com gosto e com desgosto
Mas o homem eh assim composto,
Mas nao sei se me acham      
um pessimo atleta,
um qualificado pateta
ou um desconhecido poeta.
 
                                   

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Página atualizada por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  07  de  Agosto  de  1998