João Naval

Poeta  e  Pateta
 
 
Dentro de mim mora um poeta
Que come letra e vomita frases;
Não dorme cedo nem acorda tarde;
Viaja no tempo e descansa seu gosto;
Disserta a imagem riscando o papel;
Intrépido, crê, é herege;
Golpeia o talento, decreta o poema
E se faz lembrado.

Fora de mim mora um pateta
Que faz careta e crê nos frades;
Vive do medo e chora covarde;
Vagueia no vento e descamba seu rosto;
Detesta mensagem quebrando pincel;
Inquieto, vê, é sem verve;
Imita jumento, decreta o dilema
E se faz humilhado.

 
 

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Página editada por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  07  de  Agosto  de  1998