Sou um terreno baldio
Num distrito urbanizado.
Sou apenas um lote vazio,
Num conflito organizado.
À minha esquerda
tem um prédio,
À minha direita
tem uma farmácia,
Será que para mim
lá tem remédio?
Ou serei sempre
vítima de uma máfia?
Ninguém em mim mora
E assim minha terra chora.
Sou um lote sem coração
Não sirvo nem pra plantação.
Sou um atalho de caminho
E faço fundos com duas casas.
Sou um ser chorando sozinho,
Meu Deus! dá-me duas asas.
Se eu voar,
posso arranjar um dono.
Se eu ficar,
posso derreter num sono.
Enquanto não posso voar
Fico assim, ao deus dará.
Mas resta-me um consolo,
Sem profecia e sem rolo.
Creio ainda ser deste mundo,
Porque além de depósito de lixo,
Sou abrigo de vagabundo. |