José Eustáquio da Silva

Entenda-me

vasculha-me e adentre meu passado, me chame de culpado por meus erros infantis. bata-me, cuspa em minha cara, me odeie me chama de canalha por tudo que outrora fiz. invada minha vida como espiã abra minhas gavetas, leia minhas cartas e me ame. me ame com a fúria que o ciúme concerne e me deseje, me deseje como quem quer outro homem... me fale palavrões, me transe obscena. me fale quão importante sou para ti me ame querendo ser selvagemente possuída por teu poeta que finge de fingir... me veja, me beija, me tenha por inteiro. sou teu, sem censuras ou pudores. sou teu par, teu tigre e teu chegar sou teu silêncio quando nada quiseres escutar enfim, sou um poeta, teu poeta que sequer pensa em limites... portanto (minha louca), mesmo onde nada existir por certo eu estarei presente pronto para te fazer mulher.


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