Francisca Júlia


Noturno

Pesa o silêncio sobre a terra. Por extenso Caminho, passo a passo, o cortejo funéreo Se arrasta em direção ao negro cemitério... À frente, um vulto agita a caçoula do incenso. E o cortejo caminha. Os cantos do saltério Ouvem-se. O morto vai numa rede suspenso; Uma mulher enxuga as lágrimas ao lenço; Chora no ar o rumor de misticismo aéreo. Uma ave canta; o vento acorda. A ampla mortalha Da noite se ilumina ao resplendor da lua... Uma estrige soluça; a folhagem farfalha. E enquanto paira no ar esse rumor das calmas Noites, acima dele em silêncio, flutua O lausperene mudo e súplice das almas.


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