Após uma semana de inspiração
Curtindo àquele sentimento vago
Um estranho peso e a sensação
De estar levando no peito um mago
Uma tristeza vaga acalentada
Pela certeza de levar no peito
Todas as dores dos meus mortos
Num martelar doído e sem jeito
Súbito enquanto dirigia no caos
Do trânsito das ruas de Cascavel
Uma imensa alegria me invade
E corro pra tentar colocar no papel
Mas já foi o tempo de esculpir
Versos como o escultor à marreta
Hoje tecla-se a poesia adormecida
Adeus à mágica fidelidade da caneta
Quando o poeta digita suas mágoas
O computador parece obedecer
Vai engolindo os sentimentos
E os coloca na verdade como quer
E sai na tela exatamente o que quis dizer
Versos esculpidos de perdas e dores
Mas o computador os engole a todos
Assim como faz pra deletar os amores... |