Luís Alberto Batista Peres

A Poesia Perdida
       
 
Após uma semana de inspiração 
Curtindo àquele sentimento vago 
Um estranho peso e a sensação 
De estar levando no peito um mago 

Uma tristeza vaga acalentada 
Pela certeza de levar no peito 
Todas as dores dos meus mortos 
Num martelar doído e sem jeito 

Súbito enquanto dirigia no caos 
Do trânsito das ruas de Cascavel 
Uma imensa alegria me invade 
E corro pra tentar colocar no papel 

Mas já foi o tempo de esculpir 
Versos como o escultor à marreta 
Hoje tecla-se a poesia adormecida 
Adeus à mágica fidelidade da caneta 

Quando o poeta digita suas mágoas 
O computador parece obedecer 
Vai engolindo os sentimentos 
E os coloca na verdade como quer 

E sai na tela exatamente o que quis dizer 
Versos esculpidos de perdas e dores  
Mas o computador os engole a todos 
Assim como faz pra deletar os amores...

 

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Página editada por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  21  de  Agosto  de  1998