Luís Amorim de Sousa 

Mutilação e Degredo
                           
                                
resgato a minha pena
com recatadas oferendas
nêsperas no areal
leite de coco em grandes folhas verdes
e mariscos que apanho nos recifes

depois dos marinheiros saciados
saio do meu abrigo e lavo-me no mar

sofro com cada vela que se enfuna
porém eu sei que a lenda
e os ventos de sudeste
me dão continuidade

único humano
nesta paisagem de poentes tropicais
com o pedaço de língua
que a faca do algoz deixou ficar
vou praticando as minhas guturais

                                                                                        
 
 Remetente : Maria Alice Vila Fabião 

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 Página editada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  05  de Fevereiro de 1998