resgato a minha pena
com recatadas oferendas
nêsperas no areal
leite de coco em grandes folhas verdes
e mariscos que apanho nos recifes
depois dos marinheiros saciados
saio do meu abrigo e lavo-me no mar
sofro com cada vela que se enfuna
porém eu sei que a lenda
e os ventos de sudeste
me dão continuidade
único humano
nesta paisagem de poentes tropicais
com o pedaço de língua
que a faca do algoz deixou ficar
vou praticando as minhas guturais |