Três
são as medidas do mundo.
Quatro, ensina
Einstein. Inclua o tempo.
Cinco! Conte
com a poesia...
Santa Tereza
de Jesus escreveu: CREO QUE EN CADA COSITA QUE DIOS CRIO HAY MÁS
DE LO QUE SE ENTIENDE!
Só
podemos entender pelos sentidos e estes nas três medidas clássicas
dimensionais. O problema de permanência da Cultura reside essencialmente
em sua percepção. De como a recebemos e a tornamos indispensável.
E porque esta indispensabilidade independe da escala de valores úteis.
A vitalidade
da Arte é a sua libertação do plano econômico,
funcional, imediatista para o homem. No esquema dos rendimentos é
um assombro perguntar para que serve um poema, uma paisagem, uma escultura
fora da significação encomiástica homenageativa
da vaidade terrestre.
ALI ART IS
QUITE USELESS, escreveu Oscar Wilde. Perfeitamente inútil mas intrinsecamente
inseparável da dignidade humana. Durante um momento da história
a Arte fixou animais para simbolicamente atraí-los para a regularidade
da alimentação pré-histórica.
Depois para
compreendermos o abstrato, foi preciso materializá-lo em volume,
cor e forma. Quando o canto nasceu, ritmo para oração, a
força mágica de sua atração irresistível
não estava na voz mas nas fórmulas poderosas na sedução
do auxílio divino. Ficou-nos o Poeta ouvindo e vendo o que realmente
escapa ao primarismo da audição, visão e tato. É
um sentido infra e ultra sonoro e uma visualidade bem distante do poder
do nervo ótico, da vibração da retina e da contratibilidade
da pupila.
O poeta em
todas as cousas sente MÁS DE LO QUE SE ENTIENDE pelas dimensões
normais. Nunca se conseguiu uma tradução desta acuidade miraculosa
que não é erudição nem dedução.
Bergson defendeu a Intuição como elemento aquisitivo da Inteligência.
A Intuição, forma maravilhosa do conhecimento sem verificação,
não pode ser indicado nos seus caminhos de penetração.
Nem um órgão
fisiológico pode orgulhar-se de sua recepção. Ao lado
do universo sensitivo e experimental o poeta vê, ouve e sente valores
acima e abaixo de todas os diagramas do percurso cerebral. A Inspiração,
a vocação irresistível de criar a Poesia é
tão misteriosa, enigmática e maravilhosa como a criação
da vida organizada.
Porque o Poeta
pode "recriar" a natureza e fixar a emoção num poema, ninguém,
em época alguma da história do mundo, explicou e compreendeu.
Toda cultura tem sua origem e nós podemos pesquisar na pré-história
os tímidos bruxuleios da madrugada intelectual. As técnicas,
as indústrias, as representações, os gestos, a voz,
a sociedade, a chefia, a religião como fenômeno orgânico,
as alianças, Estado, o aparelhamento para a conquista comercial
e guerreira, a vela para o barco, a roda para o carro, o cavalo para o
homem. A Poesia, não. Minerva nasce, armada e completa, da cabeça
de Júpiter.
O poema é
tão inexplicável como a essência da vida. O primeiro
Poeta é tão distante, impenetrável e milenar como
a primeira célula viva.
Toda a civilização
do Mundo está contida nas três dimensões. A Poesia
exige outros horizontes indefiníveis, negaceantes e realmente sensíveis,
definidos, poderosos. A poesia é uma Quinta dimensão. |