Mulher de branco, pisando a passarela do tempo,
Nós te jogamos flores do campo com cherio de amanhecer.
Mulher de branco catando salmos divinos,
Nós rezamos contigo, restituindo a fé
na luminosidade da Estrela D'alva que aponta no céu
cedo da madrugada.
Junta-te a nós, mulher vestidade branco!
Bordamos mil cores e a vida é a mesma reproduzida
na colcha da cama e na toalha da mesa.
Apagando o pecado original
e fazendo brilhar virtudes
nascidas e amassadas entre os sonhos e as receitas
de um tempo conservador onde nos chamavam rainhas
do lar.
Hoje ativamos o poder sem
manejar armas de fogo,
mas canalizando a ternura e a engenhosidade
do afeto.
Somos Marias Bonitas,
carinhosas, sofridas,
projetistas de um tempo novo,
seguindo as curvas de batalhas infinitas,
andando sobre os próprios pés,
conjugando nosso próprio verbo,
e erguendo com as próprias mãos
um cotidiiano antes programado
para bordar casar e cozinhar.
Agora o mundo nos anuncia e anunciamos o mundo.
Sem protocolos ou marcações de tempo.
Não é uma vida fácil.
Ela arde o sufoco das horas,
das decepções... dos medos...
dos sustos e da fome.
No sufoco das cobranças
amargas e traçoeiras.
Na competividade
animalesca.
Mas estamos de pé na arte no e no estilo.
Revelando intimidades e descobertas.
Rasgamos as indumentárias dos nobres
e preferimos o conforto da modelagem perfeita
do abraço de quem abre-se em concha para acolher
a criação de Deus
e do homem.
Mulher de branco, dá-me tuas mãos,
formemos a grande ciranda,
unamos nossas vozes em canções de amor
acompanhando o zig-zag
de sentimentos loucos e puros.
Assim juntas atingiremos a lua azul e o sol ardente,
o Homem e a Terra, a luz e a escuridão.
Respeitemos a vida,
mergulhemos na natureza,
rejeitemos a violência sob todas
as formas.
Assim, eu e você t doas as Marias
unidas na coragem, vamos
entender o aviso libertador e
mágico dos relâmpados.
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