Lucídio Freitas


A meu Pai

Esqueço todo bem que, em minha estrada, Prodigamente, como um Deus, semeio, Fazendo meu o sofrimento alheio, Amparando toda alma abandonada. Quantas e quantas vezes tenho em meio Da vida, dentro a noite erma e gelada, Confortado a velhice desgraçada, Na mornidão amiga do meu seio! Para servir aos meus irmãos padeço E dou-lhes a água e o pão, o teto e o leito E o beijo que consola e que bendiz... Mas todo bem que faço logo esqueço Para guardar apenas no meu peito, A saudade de um bem que eu nunca fiz...


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