Luis Germano Graal


Saber

Saber Conhecer Desvendar os segredos É o peso maior A tarefa mais triste A pior parte Da missão Saber os segredos é um peso Tão grande Que às vezes melhor Seria Morrer Mas agora que chegamos Tão perto Do fim E restam pouquíssimos de nós Morrer Não é mais Um sonho Ou um medo Ou um desejo Morrer pode ser amanhã Morrer Pode ser hoje Quem será o próximo Não sabemos Nem adianta saber É um segredo Talvez o único a não sabermos O próximo podemos ser Eu Podemos ser ele Ou ela O próximo seremos o próximo A morrer A forma A face O modo A vestimenta Que a morte usará Também não sabemos Pode ser a fome Que nos atormenta Nos fere Nos morde E ainda assim alguns de nós Continuamos vivos Também pode ser a sede Não temos água doce Não temos vinho Não temos garrafa E a água do mar Salga nossos lábios Obriga-nos a vomitar Pra depois sentirmos ainda mais sede A morte poderá vir Como um outro peixe Ou como uma outra sereia A cantar E encantar Ela poderá chegar magnificamente Acompanhada Por algumas mortezinhas menores Infantas Petizes Pode ainda vir indesejada Pelo eleito Ou também sonhada Acarinhada Querida Por quem de decerto Também pode a morte não chegar Ela gosta de seduzir Agir Igual à mulher fatal Que atiça o desejo Dá uma mão Pra logo tirar Mostra o tornozelo O sonho da perna Mas logo dá um piparote E o fulano acorda A morte pode agir assim E alguém ser o seduzido O amante O fulano O homem que se atira n’água E dentro d’água se encontra Com ela, a mulher Fatal Finalmente fora da redoma Essa dona Do amor Essa filha Da primeira serpente Essa mulher Que só nos oferece duas escolhas Entre sermos escravos seus E esperarmos Sua chamada Ou sermos senhores E partirmos Ao seu encontro.

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