Leonardo de Leo Gama


Saudação a Afrodite

Teu amor de proveta quer te mascarar
sábio patético palhaço
quem diz não vai aprender a voar
sou louco
tolo
mas quem diz nunca soube amar
o sangue
majestosamente coagulado
heroína
bom vinho
embriaga deuses fúteis
que só se ocupam em cagar
se considera viver um desafio
drogue-se com a monotonia de dias bizarros
ame
mate
queime
mas não te esqueças de pingar teu colírio
peque
pecar é divino
furte para sentir
doce cheiro proibido
ame
coma
trepe
siga teu ponto para o infinito
não fale
sinta
cuspa
teu sangue com toda melo-burocracia
não há sons para amor
nem palavras para vida
seja ateu
olha teus minutos docemente escuros através do vidro
todo cúpido nasce morto
sete badaladas do sino
a jaula
escancarada
abstrato em evidência
amor
rancor
ódio
inveja
Lobos-cordeiros sabem olhar com indiferença


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