Luiz Miranda Correa

A Balada do Nadador do Infinito
…ISSO AÍ
 
 
                Conheço Álvaro Pacheco há mais de 20 anos.  A seu convite escrevi vários ensaios para a revista "Arquitetura" do Instituto dos Arquitetos.  Sempre admirei nesse piauiense danado uma enorme capacidade de luta em permanente aliança ao talento.  Trabalhador infatigável mexeu e buliu e ainda bole e mexe em mil e um negócios.  Empresário de cultura! 

                Dono da gráfica, de editora, de produtora de cinema brasileiro, de distribuidora de filmes internacionais. Como editor, ofereceu ao público alguns dos maiores nomes da literatura nacional e internacional.  Produziu filmes brasileiros, entre eles, o "triller" que É "O Caso Cláudia" dirigido por Miguel Borges.  Trouxe excelentes películas estrangeiras consideradas anti-comerciais, que provaram grandes sucessos de público.  Entre eles os filmes de Nagisa Oshima, então desconhecido do grande público,  Ainda este ano proporcionou ao público brasileiro a visão de "Metistofles", que eu já tinha visto há dois anos atrás em Paris.  Pois É, em curtas linhas segue um esboço de sua figura. 

                Mas Álvaro É, acima de tudo, um grande escritor.  Um grande poeta.  Sua bibliografia reúne 11 títulos, sendo que o seu último livro de poesias, que acabo  de ler, e que traz um nome que se aprece muito consigo mesmo "Balada do Nadador do Infinito" proporcionou-me horas de imenso prazer.  Considero seu livro mais difícil de definir.  Não que rompa com sua obra anterior.  Creio que de uma certa maneira É a sua continuação, mas desde o tema da morte até a técnica utilizada me parece enfoque novo.  Mas será que em "Balada do nadador do infinito" a morte não representa vida? 

                Insólito, às vezes, instigante sempre, inspirado em  poemas que não se repetem, que jamais também no lugar comum, terá sempre um lugar separado em sua obra e mesmo no panorama moderno da literatura brasileira.  Em certos momentos, parece que estamos a ler Rimbaud, mas um Rimbaud brasileiro, tropical, apesar de Álvaro ser hoje um homem do mundo, de cultura cosmopolita.  O bom do poeta É que sendo universal suas raízes nordestinas, brasileiramente nordestinas, continuam presentes. 

                Sua mensagem de amor levar-lhe a dizer "tenho muitas moedas que jamais circulam, como dou o coração e tantas vezes a  alma", para logo mais definir-se como se definiriam todos os homens de sensibilidade que não temessem a hora da verdade: Os homens passam a vida na obsessão das palavras, como se existissem uma multidão de sentimentos;  na verdade, convivemos apenas com uma meia dúzia, o  amor, esperança, infinito, medo. 

                Fundem-se, neste livro os diferentes Álvaros.  Álvaro o animal poético por excelência, o jornalista, o empresário, o artista.  Definição do homem que amou a vida.

 
                                  

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 Página editada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  26  de  Junho  de  1998