Luiza Albuquerque
Círculo Vicioso
Para Mayakowisky
Na calada da noite primeira
Eles chegam, traiçoeiros,
Vêm roubar, de brincadeira,
Uma flor de nossos canteiros
Mas não dizemos nada
Contra esses falsos posseiros.
Na surdina da noite segunda
Nada mais é preciso esconder
Eles pisam nas flores, serenos,
Levam nosso cão a morrer
Nossa voz se torna calada
Não há nada o que dizer.
Até que então, certo dia,
O mais frágil entra, sozinho,
Dentro dessa nossa casa
E nos rouba a luz do caminho
Conhecendo, enfim, nosso medo
Leva nossa voz a morrer
E nós, mesmo querendo,
Já nada podemos dizer.
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