Lina de Villar

Tarde de Outono
                  
 
O sol fosco que lembra uma rosa vermelha
Parece tiritar na mortalha gelada
Que o envolve de cinza e de névoa esgarçada 
Onde a luz se dilue n’uns tons de prata velha.

Caem zumbindo como as asas de uma abelha
Folhas mortas no chão ... Ao longe abandonada
Uma árvore esguia à beira de uma estrada
Impassível no lago opalino se espelha ...

Ligeira a brisa passa a penumbra rasgando
Um grande beijo frio e agreste simulando
Beijo que refrigera, enleva e delicia.

Outono! Eu te comparo a um longo sonho triste
Que as almas acorrenta e ao qual ninguém
resiste.
Sonho feito de Bruma e Melancolia ...

 
                                                                          
Remetente: Walter Cid

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 Página editada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  02  de Abril de 1998