Estranho encantos das tardes frias
Das tardes tristes a beira mar.
Plagas agrestes veigas sombrias
Preces na terra suspiros no ar.
Em cima - estrelas lembrando círios
Em baixo - velas a tremular
Círios acesos argênteos lírios
Lírios que a noite vai desfolhar.
Púrpura e ouro nas penedias
Névoas e cinza cobrindo o mar
Passam gaivotas de asas esguias
De esquias asas a palpitar.
Coqueiros rijos na areia fria
Palmeiras altas, senhoriais
Tem a esbelteza, tem a esbelteza
Das princezinhas medievais.
Vagas chorosas são os novelos
Na areia branca desenrolar
Que torvos sonhos que pesadelos
mar imenso vão torturar?...
A lua bóia por sobre o dorso
Por sobre o dorso verde do mar
Será tristeza, será remorso
Que faz a vaga bemolisar?
Soluços plangem como elegias
Como sonatas em ré menor
Eco de todas as agonias
Que o mar mesmo sabe de cor.
Eco de todos os estertores
Dos que morreram dentro do mar
Saudades fundas e fundas dores
Que ele procura rememorar ...
Canção da espuma, canção das vagas,
Queixas que ferem como punhais
Choros lamentos angústias vagas
Oh! Quanta coisa nos recordar!
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Plagas agrestes, veigas sombrias
Preces na terra suspiro no ar
Que estranho encanto nas tardes frias
Nas tardes tristes à beira mar! |