revista de poesia nº 1 - março de 2004
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Editorial |
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ROSA
ALICE BRANCO
- Este primeiro número de logovemos opera uma das múltiplas
conexões possíveis entre as nossas duas culturas. Mas, de certa forma, é
um contra-senso sentir a necessidade de construir uma ponte, quando não
deveria existir mar que pudesse separar o que toda uma tradição ancorada
na força de uma língua, une. FLORIANO
MARTINS
-
Mas
sempre me pareceu que o contra-senso tem sido
a tônica de todas as não-relações existentes entre nossos países. A rigor
nenhum dos dois consegue sequer imaginar a existência do outro. Eventuais
aproximações culturais, nos últimos tempos, se deram movidas por
interesses pessoais, ou quando muito por alguma aposta em termos
unicamente de mercado. Em circunstância alguma se poderia falar em
diálogo. Desta maneira, o que aqui sugerimos é de uma ousadia quase
insana. RAB
- Foi fantástico termos podido sentar-nos juntos e dar a conhecer um ao
outro tantos rostos, tantos poemas, textos, pinturas e esculturas, que
agora partilhamos em logovemos. Mas se de ousadia se tratasse, por
mais louca que fosse, seria sempre insuficiente e deixa em aberto uma
imensa sede. FM - Claro que
em todo este trabalho de garimpo não nos evita certo sentimento de perda,
no sentido de que todas essas vozes decerto seriam mais substanciosas se
travassem algum diálogo. Percorrem, no entanto, trajetórias paralelas sem
que se percebam entre si, o que se deverá lamentar sempre. Quando muito, e
já será um grande passo, o que se pode fazer é estabelecer algum
comparativo em termos críticos. Por aí talvez se inicie algo. Como tenho
sempre dito, as revistas têm sido os grandes veículos de aproximação de
culturas, daí a importância desta logovemos que ora surge.
RAB
- É verdade que as revistas sempre tiveram este papel, mesmo quando eram
apenas impressas. Este "apenas" refere-se, exclusivamente, a uma
dificuldade de circulação, se compararmos com as possibilidades agora
oferecidas pela NET. Só que continuam a ser actos isolados, quando deveria
ser uma postura coerente e sistemática. Mas é claro que me sinto feliz por
se darem aqui a conhecer algumas referências importantes do que se faz nos
nossos países: do que se está a fazer e não apenas do que se fez e foi
consagrado. E depois o "consagrado" nem sempre corresponde a um consenso
inter-subjectivo, mas a acessibilidades negociais. |
Rosa
Alice Branco
(Portugal, 1950). Poeta, ensaísta, filósofa, tradutora e editora. Autora
de livros como O que falta ao Mundo para ser Quadro (1993), Da
Alma e dos Espíritos Animais (2001), e Soletrar o Dia (2004).
Floriano
Martins (Brasil, 1957).
Poeta, ensaísta, tradutor e editor. Autor de livros como Alma em
chamas (1998), O começo da busca (2000) e Estudos de
pele (2004). |
Ficha
técnica Direção da revista Rosa Alice Branco Organização deste
número Criação de logótipo & consultoria de design Francisco
Providência Apoio editorial Jornal de
Poesia (Brasil) Agulha – Revista de
Cultura (Brasil) Casa de Portugal
Bibliotheca Alexandrina (Portugal) Limiar – Cooperativa de Produções Culturais
(Portugal) Endereço de
redacção Rua Oliveira Monteiro
92 – 1º Centro 4050-438 Porto Portugal r.a.branco@mail.telepac.ptArtistas que ilustram este número Hélio
Rôla
(Brasil) Paulo
Neves
(Portugal) . |
Hélio Rôla (Brasil, 1936). Artista plástico. Trabalha com técnicas diversas, envolvendo pintura, collages, mail art, gravuras e esculturas em metal. Tem exposto em países como Alemanha, Chile e México. Paulo
Neves
(Portugal, 1959). Escultor. Trabalha com madeira, pedra e outros
materiais. Tem exposto em países como Holanda, França, Moçambique, Mónaco,
Espanha Alemanha, Estados Unidos da América e Brasil. |
Índice Poemas1 - Eugénio de
Andrade, Contador Borges, Fiama Hasse Pais Brandão, Astrid
Cabral 2 - Adriano Espínola, Ana Marques Gastão, Soares Feitosa, Manuel Gusmão 3 - Nuno Júdice, Leontino Filho, Inês Lourenço, Donizete Galvão 4 – Hilda Hilst, Luís Miguel Nava, Maria Esther Maciel, António Osório 5 – Manuel António Pina, José Santiago Naud, António Ramos Rosa, Rodrigo Petronio 6 – Roberto Piva,
Artur do Cruzeiro Seixas, R. Roldán-Roldán, Pedro
Tamen Ensaio1 – Romantismo
português e brasileiro: separação, exclusão, Abel Barros
Baptista 2 – Diálogo sobre a poesia portuguesa, Alberto da Costa e Silva & Alexei Bueno 3 – Poesia brasileira, vozes contemporâneas, Antonio Carlos Secchin 4 – Algumas
tendências da poesia portuguesa contemporânea desde os anos 50 até
2000, Paula Cristina Costa 5 – A poesia
contemporânea no Brasil, Floriano
Martins 6 – Poesia
portuguesa contemporânea: o dito e o não dito, Manuel Frias
Martins 7 – 1925-1975: 50
anos de poesia brasileira pela pena de murilo mendes, Joana Matos
Frias 8 – A permanência da anarquia: a propósito de uma antologia do surrealismo português, Claudio Willer
QuestãoRelações Brasil &
Portugal – Luís Filipe Castro
Mendes, Ivan Junqueira, Arnaldo Saraiva, Carlos Nejar, Valter Hugo Mãe,
Raimundo Gadelha |
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