Maria A. Oliveira


Insônia

Limbo inclinado de coisas perdidas, algum mistério gozoso em mutação, crispado e semimorto. Melhor assim. O sono não me serve o sono é um céu vazio despedaçando as asas da memória e suas aves de sonho fazem medo. A noite singra o silencio mais alto e mais calado sem naufrágios e um lento espanto se estende sob o tempo, um tempo oculto, inteiro e inconsútil sobre as migalhas do dia. A túnica do tempo e uma forma de paz arrasta sobre nos sua paz de vento e embala os gatos de tudo que lhes falta, devolve a solidão a seus espelhos e cala aos poucos os ecos das imagens. Das mãos vazias as asas tocam de leve as águas da aventura.


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