Marco Antônio de Souza

Instrumentos de Trabalho

Brota a broca da tua mão como a caneta da minha; você faz versos com diamante, eu me restauro com palavras... Tuas rimas são de ouro, a tristeza é o metal que liga meus motes ! Tua métrica é tão funda quanto a profundidade da cárie; Minha cárie é este destino, que me fez poeta, antes de homem... Teus sonetos são esculturas protéticas, artísticamente lavradas e adaptadas; minha prótese mais separa do que une pois às vezes vergasta e fere... Por ironia, se é com a caneta que você ganha a vida, eu também com a caneta vivo arriscado a perder a minha... Que dirão os astros da união de um poeta com uma dentista ?


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