Maurício Arruda Mendonça 

Londrix
 
quando é outono 
os galhos temem 
que folhas  
os deixem 

sem pensar 
gritamos 
nada volta 
só galhos  
secos e folhas 
junto à porta dos fundos 
do lado do focinho do cachorro 

assim  
perguntamos  
ao vizinho 
“você tem 
um serrote?” 

agora 
batendo na vidraça 
“quer entrar?’’ 
os galhos perdoam 
o vento 

ele é  
um outro 
sem falar 
contempla: 
é outono 

nem  
adianta 
olhar o céu 
e dizer  
como os romanos: 

“as nuvens  
são escamas 
ou 
“parecem o rabo  
de um galo” 

felicidade: 
dizer coisas  
tão simples 
como: 
“galhos” 
ou 
“você vai  
sair sem 
o casaco?”

    
Remetente: trajano@cwb.palm.com.br

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