Manoel Andrade Silva

Luis da Silva Araujo - indalus@alanet.com.br

O Mar se Apaixona...

Desde a agitação das águas Ao beijar suas areias A doce jovem que se banhava, Fez o Poeta descrever sua beleza, Por ver que o próprio mar Por ela também se apaixonava. Vendo a eclipsá-la as fúrias de sua espuma, Via o abismo da morte Quando o mar se enfurecia. E o mar bravio quase absorvia, Lançando-lhe as suas águas, Como quem lança um verde manto, Louco, apaixonadamente lhe cobria. E ela enfrenta alegremente as ondas, E o mar apertando-lhe apaixonadamente, Se inflamava ferozmente e torturado, Como quem encontrou sua própria amada... O mar achava que tinha todo o seu direito Deixando-me inquieto e com receio Porque era em suas águas que banhava Suas nádegas, seu corpo e seus lindos seios! Aí eu gritei, Mar!!! Quantas figuras peregrinas Vejo banhar-se no teu vasto leito, Exceto esta, sem alcançar no entanto O verde cristalino destea enorme manto, Diferente repleto de ternura, Vou retirar de sua imensidão esta beleza, Que embebebou-o e alimentou este seu sonho, De um mar manso, transformou-se em mar medonho! O mar responde: - Minha linfa e cristalina, Falando ao surgir das ondas, Tua deusa, tua musa, tua beleza Foi Deus quem fez, com sua pureza... Quero levar comigo, longe, às profundezas, E retirar-lhe deste mundo de maldades, Guardando-lhe para toda a eternidade, Na calmaria da imensidão de minha grandeza! - Não Mar! Gritei novamente, Isto não é verdade, estás doente! Querer levar contigo e matar, É sacrilégio, é praticar crime profano; Aplacar, por ser poderoso, é ser vesano! Deus te fez assim para uma eternidade, Estás sonhando um sonho de verdade; Fostes criado para banhar a humanidade, Por milênios de anos e mais anos; Se levares muitos inocente, com maldade, Nunca passarás de um enorme oceano! Depois que falei como um poeta apaixonado, o mar responde novamente: - Poeta, encontraste esta eloqüência Em minha beleza, em minha amplidão? Retrocedo pela sua emoção! Diga a esta divindade e beleza, Se encontrares no seu corpo impureza, Não tenho culpa, condene esta humanidade, Por lançarem em minhas águas seus detritos, Sem respeito, ignorância e maldade! Vou seguir meu destino apaixonado e aflito, Deus me fez grandioso e infinito, Vou obedecer a lei da eternidade! Chorando agradecido, responde o Poeta: - Obrigado, obrigado Oceano! Deus o fez com todo seu poder Por sua criatividade e por ser soberano; Criou-te para banhar toda a humanidade, És lindo, grandioso de verdade! Perdoaste minha musa cheio de mágoa, Mas prometo-lhe por esta linda luz Deste sol que hoje nos clareia, Que trarei por muitas vezes, Minha musa, minha sereia, Para banhar-se em suas águas E beijar suas areias!


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