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Dom Marcos Barbosa

Alguma notícia sobre o poeta:

Poesia:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Dom Marcos Barbosa


A FLOR DO TANQUE

Vós, que amais a natureza,
é preciso vir para vê-la,
recém-brotada das águas,
como no céu uma estrela!

Ontem mesmo nada havia,
dissimulado botão;
ergue agora no cristal
a sua branca ascensão.

Nasce no jardim do claustro,
não na terra, mas no tanque;
vai vendo abrirem-se as outras
de um aquático palanque.

E tem gestos de oriente
a coroa estilizada,
pondo brancas sombras de anjos
na superfície irisada.

Vide vê-la! Oh, não podeis:
pois foi nascer na clausura
e já bóia, branca Ofélia,
nas águas da sepultura.

Tão depressa brota o poema
de efêmera duração;
mal risca de leve a vida
o anseio do coração...

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A IGREJA DO MOSTEIRO

Flor de pedra e de prece na colina,
lugar alto de paz e de silêncio,
onde a cidade pára de repente
e se ajoelha no chão de antigos túmulos.

Floresta de ouro a nave, onde as cigarras,
até juntar-se um dia ao pó do claustro,
misturam sete vezes suas vozes
à orquestração dos sinos e do órgão.

Caverna de Aladino que oferece
aos mais pobres que entrem seus tesouros,
mel correndo dos favos esculpidos.

Palpitam na penumbra asas de arcanjo,
bispos e reis na talha abrem seus braços,
e a Virgem, do seu trono, entrega o Filho...

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OS ÓCULOS DA VOVÓ

- Como acabar meu tricô,
como assistir à novela,
se esses óculos benditos
me somem sem mais aquela?

Vovó, procurando os óculos,
vai do quarto para a sala
e de novo volta ao quarto,
sem ninguém para ajudá-la.

E até parece que os netos
estão a se divertir,
pois mesmo seu predileto
faz força para não rir.

Deve saber onde estão,
porque lhe diz o malvado:
- Já está ficando quente
seu chicotinho queimado!

E o diz quando está no quarto
ou à sala torna a voltar.
- Mas como pode uma coisa
em dois lugares estar?

Em sinal de desespero
leva então as mãos à testa:
ali estão os seus óculos
e tudo vira uma festa.

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Dom Marcos Barbosa

ORAÇÃO DA FAMÍLIA

Bem debaixo, Senhor, da tua asa,
coloca a nossa casa.

Nossa mesa abençoa, e o leito, e o linho,
guarda o nosso caminho.

Brote, em torno, o jardim, frutos e flores,
em nossa boca, louvores.

Conserva pura a fonte de cristal,
longe o pecado e o mal.

Repele o incêndio, a peste, a inundação,
reine a paz e a união.

Bem haja na janela o azul do dia,
na parede, Maria.

Encontre a noite quieta a luz acesa,
quente sopa na mesa.

Batam à porta o pobre e o viajor,
e tu mesmo, Senhor.

Tranqüilo seja o sono sob a cruz
que a outro sol conduz.

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O OURO DO AMOR

- Ouro saído das minas,
o que na terra vai ser?
- Serei do rei a coroa,
o cetro do seu poder.

- Ouro saído das minas,
qual na terra o teu destino?
- Serei do poeta a pena
jorrando o verso divino.

Ouro saído da terra,
na terra qual o teu fado?
Serei um par de alianças
para selar um noivado.

Um foi ouro de poder,
outro foi ouro de glória;
mas foi o ouro do amor
que teve a mais bela história.


Pois quando o império passou
e foi o poema olvidado,
o amor restava, brilhando,
nos filhos transfigurado...

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Dom Marcos Barbosa

Dom Marcos Barbosa (nome civil: Lauro de Araújo Barbosa), sacerdote e monge beneditino, poeta e tradutor, nasceu em Cristina, MG, em 12 de setembro de 1915, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 5 de março de 1997. Eleito em 20 de março de 1980 para a Cadeira n. 15, na sucessão de Odylo Costa, filho, foi recebido em 23 de maio de 1980, pelo acadêmico Alceu Amoroso Lima.

Após o ginásio em Itajubá, matriculou-se, em 1934, na Faculdade Nacional de Direito do Rio de Janeiro, tendo participado então da Ação Universitária Católica e do Centro Dom Vital, quando travou conhecimento com Alceu Amoroso Lima, de quem se tornou secretário particular. Na mesma época, entrou em contato com o Mosteiro de São Bento, onde ingressou com vários universitários em 1940, interrompendo o Curso de Letras Clássicas, que começara ao terminar o de Direito. No Mosteiro, onde foi ordenado sacerdote em 1946, foi retomando aos poucos a vocação de escritor, pois já publicara antes crônicas e poemas não só em A Ordem e Vida, revistas de que foi redator, como ainda em O Jornal e na Revista do Brasil. Após uma breve passagem pelas rádios Cruzeiro e Mayrink Veiga, manteve de 1959 a 1993, na Rádio Jornal do Brasil, o programa Encontro Marcado, que ia ao ar diariamente às 18 horas. Em seguida, esse programa passou a ser transmitido pelas rádios Carioca-AM e Catedral-FM, também diariamente. Colaborou todas as quintas-feiras no Jornal do Brasil.

Dom Marcos, ingressando no mosteiro após ter publicado alguns poemas e artigos, julgava ter renunciado à vocação literária, que veio no entanto a desabrochar de novo em autos e poemas escritos para determinadas ocasiões e depois reunidos em livro. Um desses poemas, “O Varredor” (“Varredor que varres a rua, / tu varres o Reino de Deus.”), foi muito divulgado pela Ação Católica, à qual pertencia ainda como estudante. Outro poema seu, “Cântico de Núpcias”, teria igual repercussão, lido hoje em celebrações de casamento, inclusive por alguns juízes de paz, e até mesmo em novelas de televisão. Inovou a oratória sacra, pelo estilo manso e poético dos seus sermões.

Obteve os dois primeiros lugares no concurso para a letra do Hino do XXXVI Congresso Eucarístico Internacional realizado no Rio de Janeiro em 1955, como também fez parte da equipe de tradutores de textos litúrgicos da Conferência Nacional dos Bispos. Traduziu também, além de obras de Paul Claudel e François Mauriac, três livros que se tornaram famosos, na verdade mais para adultos do que para crianças: O pequeno príncipe, O menino do dedo verde e Marcelino pão e vinho. Integrou por vários anos o Conselho Federal de Cultura. Foi escolhido para saudar em nome dos intelectuais o Papa João Paulo II em sua primeira viagem ao Brasil. Sucedeu a Otávio de Faria no Pen Clube, em 15 de outubro de 1981, tendo sido saudado por Antonio Carlos Villaça. Ocupou na Academia Brasileira de Artes a vaga de Alceu Amoroso Lima, tendo sido recebido por Marcos Almir Madeira em 12 de setembro de 1985. Recebeu o Prêmio de Poesia do Pen Clube do Brasil (1986); agraciado, em 7 de junho de 1990, com a condecoração de Chévalier des Arts et des Lettres, concedida pela República Francesa e recebeu, em 1995, o Prêmio São Sebastião de Cultura da Arquidiocese do Rio de Janeiro, como Personalidade do Ano.

Obras: Teatro (1947); Livro do peregrino, XXXVI Congresso Eucarístico Internacional (1955); A noite será como o dia: autos de Natal (1959); O livro da família cristã (1960); Poemas do Reino de Deus (1961); Mãe nossa, que estais no céu (s.d.); Para a noite de Natal: poemas, autos e diálogos (1963); Para preparar e celebrar a Páscoa: autos, diálogos e fogo cênico (1964); Eis que vem o Senhor (1967); O livro de Tobias (1968); Oratório e vitral de São Cristóvão (1969); Manifestações de autonomia literária: A Escola Mineira e outros movimentos. In: História da Cultura Brasileira (2 vols., 1973-76); Um menino nos foi dado, org. de Lúcia Benedetti. In: Teatro infantil (1974); A arte sacra (1976); Nossos amigos, os Santos (1985); Congonhas, Bíblia de cedro e de pedra, e co-autoria com Hugo Leal (1987); Um encontro com Deus: Teologia para leigos (1991); As vinte e seis andorinhas (1991); Poemas para crianças e alguns adultos (1994).

Fonte: http://www.academia.org.br/

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