Manuel Botelho de Oliveira


Anarda Temerosa de um Raio

Bramando o céu, o céu resplandecendo, belo a um tempo se via, e rigoroso, em fugitivo ardor o céu lustroso, em condensada voz o céu tremendo. Gira de um raio o golpe, não sofrendo o capricho de uma árvore frondoso: que contra o brio de um subir glorioso nunca falta de um raio o golpe horrendo. Anarda vendo o raio desabrido, por altiva temeu seu golpe errante, mas logo o desengano foi sabido. Não temas (disse eu logo) o fulminante: que nunca ofende o raio ao céu luzido, que nunca teme ao raio o sol brilhante.


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