Mário Donizete Massari

Memórias

(a meu pai)

Enquanto eu corria descalço pisando em estrelas meu pai numa labuta infinda enfrentava o sol Às noites com seu violão que nunca chegou a dedilhar espalhava sua poesia no ar Velho poeta, ninguém como você soube cantar o amor e a dor dos seus dias É pena que o mundo conheça apenas os escritores feitos e desconheça a poesia de um lavrador Os anos foram tantos os sonhos de menino perderam-se no barquinho que num dia de chuva naveguei Meu pai hoje velho resistiu a tudo e por detrás do muro vejo o seu vulto Pensando no menino que se fez homem.

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