Medeiros e Albuquerque


Soneto Decadente

Morria rubro o sol e mansa, mansamente... sombras baixando em flocos, lentas, pelo espaço... Um morrer pungitivo e calmo de inocente: doces, as ilusões fanadas no regaço. Passa um cicio leve e suave... Num traço, ave rápida passa súbita e tremente... A tristeza, que vem, cinge como um baraço a garganta: o soluço estaca ali fremente... Lembranças de pesar... Navio que na curva do mar, de água pesada e funda e escura e turva, some-se de vagar das ondas ao rumor... Ó crepúsculos sós! os exilados sentem a angústia sem igual de amantes que pressentem o derradeiro adeus do derradeiro amor!


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