João José Menescal de O. Saldanha

Qualquer Coisa

Quando a claridade abortar E deixar o quarto escuro, Quero estar lá Para ver de quem são as estrelas. Quando o sono dominar As mentes fatigadas, Quero estar vivo Para ver quais serão os sonhos. Porque qualquer lembrança Das tuas palavras, São as notas pesadas De um piano em prelúdio A comover minha emoção. Que qualquer coisa tua, Meu Deus! É a lembrança da grama fresca, Da relva boa, gostosa de deitar. E tuas mãos... Conchas quentes... Confortáveis, Macias, Seguras, Transmitem calmaria Aos meus devaneios. Quando as toco, Pouso. Quando não, Caio. Queda alta... Lenta e agonizante, Parece verter dos lustrais Irradiações intensas. Porém não. Não são nada disso! São as lágrimas de minha consciência A turvar minha visão Diante da realidade Da distância que corrói... ...Quando qualquer coisa sua maltratar minha saudade, quero estar forte e poder respirar fundo.

Fortaleza, 29 de agosto de 1996

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