Marcelo Gama


Soneto de um Pai

Vê-la crescer, florir — viço e perfume; Já sorri; quer falar; tartamudeia; Diz "mamãe" e "papai" sufoca o ciúme. Os dentinhos lhe vêm. Anda. Chilreia. Traz a casa de risos sempre cheia. Vai ao colégio, mas com azedume. Aborrece as bonecas. Cresce alheia À formosura e à graça que resume. De moça tem cismas e alvoroços. Põe vestidos compridos; fala pouco, Suspira, sonha, anseia e pensa em moços. Vê-la como fulgura numa sala... Envaidecer-me e... chorar como um louco Quando o noivo vier arrebatá-la!


* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *