Millôr Fernandes


Gato ao Crepúsculo

Poeminha de louvor ao pior inimigo do cão
Gato manso, branco, Vadia pela casa, Sensual, silencioso, sem função. Gato raro, amarelado, Feroz se o irritam, Suficiente na caça à alimentação. Gato preto, pressago, Surgindo inesperado Das esquinas da superstição. Cai o sol sobre o mar. E nas sombras de mais uma noite, Enquanto no céu os aviões Acendem experimentalmente suas luzes verde-vermelho-verde, Terminam as diferenças raciais. Da janela da tarde olho os banhistas tardos Enquanto, junto ao muro do quintal, Os gatos todos vão ficando pardos.

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