Manuel João Mansos


Rosas de Sangue

Os passarinhos não cantam, perderam sua alegria. Já não canta a cotovia, voando sobre o arado. Alentejo abandonado oh terra afogada em dor, diz-me lá terra queimada, onde está o teu valor? «Hoje estou escravizada, estão meus campos solitários, aldeias em agonia: vieram os mercenários, Já não canta a cotovia a sua doce canção. Agora só canta em mim a Aldeia de Baleizão: na sua voz derradeira erguem-se clamores sem fim àquela linda ceifeira; Catarina, que as tuas rosas de sangue sejam um grito de alerta por esta terra deserta dos meus campos em ruína, que os mercenários se vão! Catarina, das tuas rosas de sangue as searas brotarão; nascerá azeite e vinha e voltará às avezinhas a sua antiga alegria. Então, soará de novo, Alentejo, bem-amado, a alta voz do teu povo: — Esta é a Pátria minha, onde canta a cotovia voando sobre o arado!…» (in Antologia de Poetas Alentejanos)


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