No fundo desse cofre:
tuas
estrelas de poeira
teus
espermas postos em letras cambiais
o santo
retrato que não o condene.
No fundo desse cofre:
teu
vinho verde tua bomba H
tua
mais secreta Hiroshima
tua
condição de vilão
teus
tostões tua tesão teus milhões
tuas
mãos de ladrão.
No fundo desse cofre:
teu
espanto teu espasmo
teu
encanto tua secreção secreta
tua
enlouquecida vileza
tua
cadeia perpétua.
No fundo desse cofre:
como
o último entardecer
sombras
formas memórias e histórias
tua
maldição por tantas e tantas gerações.
No fundo desse cofre:
Tua
potência tua ausência tua demência.
Teus
ossos teu lugar teu altar teu imenso desespero.
No fundo desse cofre:
tua
clausura tua postura teu plácido veneno
tua
sepultura. |