Manuel Lopes


Soneto à Liberdade

Primeiro tu virás, depois a tarde com terras, mares, algas, vento, peixes. trarás, no ventre, a marca das idades e a inquietude dos pássaros libertos. virás para o enorme do silêncio — flor boiando na órbita das águas — tu não verás o fúnebre das horas nem o canto final do sol poente. primeiro tu virás, depois a tarde sem desejos e amor. virás sozinha como o nome saudade. virás única. eu não terei a posse do teu corpo nem me batizarei na tua essência, mas tu virás primeiro e eu morro livre.


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