A inspiração é dom
E tu a tens querido.
Sentindo no perfume, na luz, no som,
Da música divinal que chega ao teu ouvido.
Ela é a divina graça,
Que chega de surpresa.
É o que se sente as vezes traduzindo em verso.
Não a desprezes meu bem, pois ela passa,
Num momento de mórbida tristeza.
É o pensamento disperso,
Que se transforma em cores.
É o delírio de querer,
Cantar os seus amores.
É o silêncio da noite, as estrelas no céu,
É o canto dos pássaros.
Harmonia de cores, como um rico troféu.
É a natureza bela, em seus encantos raros.
Inspiração é arte, sublime devaneio,
Que vibra em nós cantando.
É virtude, é beleza, e pode ser também,
O sofrimento que nos vai matando.
É o estado de espírito que nos faz sentir,
Toda grandeza do amor.
É saber traduzir,
Até na própria dor,
Tudo o que a alma sente e enche o coração.
Tens fé, pois fala de esperança.
Descreve o amor, na grande vibração,
Do olhar de uma criança.
Canta o mar, a floresta, a própria vida,
O verme que se arrasta.
Uma saudade distante, de ti quase esquecida,
Uma folha guardada, as vezes só nos basta.
Em prosa ou verso traduz teu pensamento !
Não cala em ti as lembranças que surgem.
Aproveita a inspiração, pois ela num momento,
As idéias refulgem.
Verás como é sublime cantar a natureza !
Amar a tudo que nos cerca !
Terás o mundo em ti, toda grandeza,
Na inspiração do que de ti se acerca. |