Maria de Lourdes Cid

Contemplação
 
                                                          Ao Dr.  Henrique  Castriciano, a quem
                                             devo todo o meu desenvolvimento intelectual
 
Eis-me perto do mar, que se estorce na areia,  
A gemer, a gemer, numa praia deserta.  
Tão longe uma jangada indolente balanceia  
Desafiando o mar com a sua vela aberta.  

E ao escutar do mar, o coração que anseia,  
Meu  coração que dorme entre salmos desperta,  
Para ver que no mar  o pescador passeia  
Indiferente e audaz, na jangada liberta.  

A lua ressurgindo, alva pura e divina,  
Da profundeza  azul do firmamento arqueado  
Para o nau a correr, benfazeja se inclina  
Grave e sereno o mar, como num sonho alado  
Ergue-se para ver  a lua peregrina  
Calmamente a boiar pelo céu estrelado.

  
                                                           20 de dezembro de 1935
                                                                           
Remetente: Walter Cid

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 Página atualizada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  04  de  Junho  de  1998