Maria de Lourdes Cid

A  Sombra do Jasmineiro
 
 
Nas noites de lua cheia,
Nas noites embalsamadas,
Tão cheias de poesia
Como num canto de fadas.

À  sombra de um jasmineiro
No belo jardim de Alice.
Sorrimos para as estrelas,
Como se estrela sorrisse.

E  assim passamos as horas
Sem dores e sem receio.
E no céu também a lua
Em seu agradável recreio.

Nós somos como as estrelas
Que conversam jubilosas;
E conversamos às vezes,
Com o perfume das rosas.

Descobriram meu segredo
Sob o céu tão recamado;
E eu não pude esconder
O meu "Coração Rimado".

Porisso tenho receio
Da lua: que o seu clarão,
A meia noite, não venha
Roubar o meu coração!

Ó noite de lua cheia
Ó noite cheia de amor!
Meu coração escondeu-se
No coração de uma flor.

Não contes lua, a ninguém
Que o gênio da poesia
Vive em mim, ave encantada,
Solfejando noite e dia.

Quando eu voltar ao jardim
E quedar muda e cansada,
Não fales do "meu segredo"
Ó lua, sonha calada!

            
                                                                   13  de fevereiro de 1930         
 
                                                                           
Remetente: Walter Cid

[ ÍNDICE DO AUTOR ][ PÁGINA PRINCIPAL ]
 
 
 
 
 Página editada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  08  de  Junho  de  1998