Maria de Lourdes Cid

À Lourdes Nascimento
 
 
Teus olhos são como os meus,
Castanhos, doces, singelos;
Negror dos meus cabelos
Possuis no negror dos teus.

Teu nome é o meu. Doce aurora,
Se és morena, eu sou morena,
No entanto dizem: que pena!
Se uma canta a outra chora.

Choro no meu desconforto,
Mas, quisera também ser,
Cantar, viver, reflorir,
Sem as agonias do horto.

Não queiras nunca rimar,
As estrelas compreenda.
Não queiras verso escrever,
Senão, terás de chorar.

E é tão lindo o sorriso
Nos lábios de uma criança!
É um sonho de esperança,
Florindo no paraíso.

Fita o céu, o mar, campo, 
E dize a todos: “bom dia”.
Mas a voz da poesia
Não queiras nunca escutar!...

                 
                                                                                  07 de setembro de 1930
          
                                                                            
Remetente: Walter Cid

[ ÍNDICE DO AUTOR ][ PÁGINA PRINCIPAL ]
 
 
 
 
 Página editada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  19  de  Agosto  de  1998