Poema do encontro
esse deus não é meu deus
não foi ninguém que me deu
de presente a teu tremor
que deus é esse senhor
de escadarias sanguíneas
de inclemente pudor
ninguém meu foi não senhor
que ascendeu pelas vestes
qual mortífero inseto
e destila um dialeto
que não é meu não senhor
canta uma língua danada
esse senhor das escadas
que dor a minha senhor
foi-me tirado o verbo
foi-me a pedra extraída
onde estou não sou senhor
mas me lancinam as chamas
e tua voz não engana
há ferida injúria error
enquanto o tempo escapa
não posso tocar tua face
não posso a lira compor
não posso senhor eu não
refazer o bom trajeto
entender sem ter disfarce
mas o tempo não descansa
faz-me tombar teu mistério
não vejo senão centelha
e já vai distante o tempo
murmuras restritos versos
no alimentar da fogueira
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