Marly Oliveira


Perdi a capacidade de assombro

Perdi a capacidade de assombro mas continuo perplexa: esta cidade é minha, este espaço que nunca se retrai, mas onde o ardor da antiga chama, que me movia no mínimo gesto? Esperei tanto, no entanto, esvaem-se na relva, ao sol, no vento, os sonhos desorbitados, parte da minha natureza sempre em luta com o fado. Perdi também no contato com o mundo, pérola radiosa, vão pecúlio, uma certa inocência; ficou a nostalgia de uma antiga união com o que existe, triste alfaia.


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