M. de Monte Maggiore

Insônia

Lágrimas de estrelas em canteiros azuis, flores de prata no amanhã! Todos dormem... Canta, coração, sofre mais... Esta voz é saudade, é soluço de amor! Tua face roubou-me o sono... A luz da tua lâmpada aclarou-me a casa... Tuas asas, à pássaro, cintilam em volta do meu coração! Céu vermelho para os lados do Oriente... Tempestade soprando forte para os lados do Sul... Tua maldade em flor é um rio de fogo! Ia, tão só, tão triste, pela estrada deserta da vida, sem ver ninguém... De repente encontrei minha doce amada... Meu coração desabrochou como uma rosa! Sulamita, minhas romãzeiras estão floridas... Lábios perfumados, vermelhos, recebendo a carícia branda do Vento do Oriente... Na fonte, a água está cantando baixinho. As tamareiras têm frutos dourados... A porta do meu horto está fechada... Vem, alma de minha alma, inebriar minha vida, com a carícia do teu corpo. As virgens de Sião me atraem com olhos lânguidos... As virgens de Sião se despem junto às fontes cristalinas, fingindo que não me vêem... Mas eu só desejo a ti, filha do deserto, palmeira solitária.. Eu quero a noite fulgurante de teus olhos, em teu seio construirei um ninho perfumado... Colherei, em tua boca, a doçura do mel e a ebriez do vinho... Vem! Meu leito está deserto, doce amada! Vem! mata-me de amor, esconde-me no teu peito de luar que há muito não sei o que é dormir!.


* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *