Gerardo Mello Mourão


In illo tempore - 1549

I n illo tempore - 1549 floresciam os machos no pais dos Mourões e o Padre Manuel da Nóbrega escrevia ao Rei de Portugal: "mandassem órfãs ou mesmo mulheres erradas, que todas achariam maridos, por ser a terra larga e grossa" nem se pecava além do equinócio: Deus é grande, mas o mato é maior e nas macegas altas e nos cômoros nas capoeiras nos valos nas catingas nos espinheiros no agreste nas ipueiras no sertão de sol da terra larga e grossa o jesuíta ultra equinotialem non peccatur a natureza entregava ao vento terral com a mesma pureza o gemido das fêmeas possuídas e o clamor das seriemas e das cericoias no taboleiro e eu já te esperava in illo tempore e te ensaiava nas órfãs e nas mulheres erradas do Padre Manuel. Para a alvura de teu corpo inventei as águas limpas não te podes banhar em teus Danúbios teus Arnos e teus Renos e teus Senas onde boiam catraias e cadáveres: ao talho deste facão para a sede de teus lábios a linfa intata é servida no mangará das bromélias; e no ouro das macambiras a água de prata pura.


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